Bom, aproveitando o texto anterior, vou colocar aqui uma crônica minha (inspirada na crônica "João, Francisco, Antônio" de Cecília Meireles) acerca de verbos considerados impessoais quando exprimem tempo. Leiam e comentem o que acham da crítica e dessa forma diferente de se analisar tais verbos. Apreciem!
Ter,
Fazer, Haver
Ter, fazer, haver é um
verbo que, no Brasil, é atacado com certa frequência. Isso porque podemos
usá-lo indicando tempo: “Têm/Faz/Há dias que não vejo ele.” Porém, nem todos
conseguem ver essa verdade.
Ter, fazer, haver
costuma ser estudado como um caso particular, uma das condições para a formação
de oração sem sujeito: um termo essencial, mas que pode nem mesmo existir! Como
pode? Ter, fazer, haver não tem culpa disso, é apenas um verbo! Ter, fazer,
haver costuma ser hostilizado pelos gramáticos, ao mostrarem que não pode ser
usado no plural, pois isso é um erro imperdoável! Ter, fazer, haver é até
chamado de impessoal! Como pode?
Ter, fazer, haver só
quer fazer parte da fala comum dos brasileiros, tanto da fala informal, quanto
da fala formal. Ter, fazer, haver sonha em aparecer na escrita e,
principalmente, numa gramática com o nome de brasileira.
Apesar de tudo, ter,
fazer, haver é muito respeitado, sim senhor! Respeitado e valorizado pelos
linguistas, seus maiores amigos e defensores. Tudo o que ele quer é uma chance
de mostrar a sua importância, a sua marca comum e corriqueira, a sua
naturalidade.
Ter, fazer, haver
também é famoso: aparece nos noticiários, nos jornais, revistas, outdoors, e até na internet! Ter, fazer,
haver até já foi tema de trabalho científico, de pesquisa, de debate... Já
apareceu em muitos livros importantes! É colega dos jornalistas, dos
professores, dos escritores, poetas, dos jovens, dos adultos... É amigo do
Chico Buarque e, pasmem, até mesmo do presidente! Ter, fazer, haver é muito
conhecido!
Não quer forçar, não
quer obrigar, não quer ditar... Não quer dizer o que é certo ou o que é errado,
somente busca o seu lugar no mundo! Ter, fazer, haver trabalha muito, ganha
pouco, sofre, chora, às vezes passa fome, frio, é vítima de preconceito, sempre
espera pelas promessas durante as campanhas políticas... Só quer mesmo uma
educação de qualidade, saúde, segurança, uma vida digna e sem tristezas! Ter,
fazer, haver só quer ser feliz... Isso é pedir demais?
Ter, fazer, haver não
tem culpa disso tudo. Ter, fazer, haver é heterogêneo, mutável, adaptável,
sofre variação e mudança. Enfim, ter, fazer, haver é companheiro dos
brasileiros, ambos andam juntos, lado a lado, e estão desde sempre amarrados. E
digo mais: essa é uma amizade que não pode ser desfeita!