quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A juventude atual

Prezados, boa noite!

Bom, depois de outra crise de pressão alta, acho que o melhor a se fazer é escrever.

Hoje decidi apresentar minhas opiniões e reflexões acerca dos jovens atuais, do que percebo enquanto professor e pessoa.

Não compreendo como essa juventude consegue estabelecer prioridades e definir rumos para sua vida. Pode parecer uma afirmação muito ofensiva e precipitada, porém é a sensação que tenho ao escutar e acompanhar o comportamento dos adolescentes. Não estou afirmando que existe uma crise generalizada, mas fato é que, em certos momentos, fico assustado com o que vejo e ouço.

Sou professor de alunos que têm entre 11 e 14 anos. Pode parecer exagero meu cobrar maturidade e responsabilidade de jovens que acabaram de sair da idade infantil, mas que ainda se encontram na linha de fogo entre o ser e o querer ser. Entretanto, em alguns momentos, procuro voltar no tempo e me lembrar de quando tinha a mesma idade e das atitudes que tomava ou daquilo que falava quando tinha a mesma idade. Apesar de considerar que nesta época eu ainda mantinha uma ingenuidade incomum, já refletia sobre meu futuro e sobre minhas escolhas, não apenas profissionais, mas também, e principalmente, nas minhas escolhas de caráter e personalidade. 

Desde jovem, sempre senti essa vontade de fazer o bem, de poder ajudar outras pessoas, se ser minimamente gentil e educado para com todos, independentemente se os conhecia ou não. Acreditava que a melhor forma de crescer e obter boas oportunidades seria mostrando ao mundo minha capacidade de saber respeitar a todos e ser justo. Hoje vejo que quase tudo isso se perdeu no vão da era da pós-modernidade e no buraco em que nossa sociedade, em sua maioria, se meteu.

É fácil apontar os erros e não apontar as causas. Não creio que a internet tenha sido o principal fator que desencadeou esta onda de "zumbis" alienados e desconectados com os problemas alheios. Isso pode até potencializar e piorar o que já é ruim, mas a internet também trouxe suas contribuições significativas. Por mais que reclamemos dos "mundos digitais" onde as pessoas se confinam, é fato que as oportunidades aumentaram significativamente e as possibilidades, se já eram multiversalistas, agora são infinitas. Logicamente, tenho que considerar o aumento absurdo de fatos e acontecimentos bizarros ligados ao uso irresponsável da internet, quase totalmente desacompanhado e desconhecido pelos pais cada vez mais ausentes.

Acredito fielmente que isso se deve à criação desde o berço. É óbvio que todos temos o direito de errar. Educar e criar um ser humano corretamente e nos caminhos certos depende de inúmeros fatores. É, de fato, uma atividade extremamente complexa. Mesmo assim, ainda atribuo esta responsabilidade aos pais e responsáveis, mas não totalmente. Compreendo que o mundo de hoje exige cada vez mais das pessoas; seus empregos estão cada vez mais maçantes e mais desgastantes; há uma pressão enorme pelo aspecto financeiro, para se ter direito a um mínimo de participação nos serviços de qualidade e que podem ser pagos, como saúde, educação, moradia, segurança; o Estado tem estado muito longe de cumprir suas funções de supridor e fornecedor do mínimo para se viver dignamente etc. Contudo, é somente isso que importa? Oferecer aos nossos jovens tudo o que querem ou tudo o que podem ter sem lhes ensinar o sentido da palavra "limite"? Ou mesmo sem nos preocuparmos com o significados dos adjetivos "responsável", "justo", "honesto", "gentil", "educado", "paciente", "resignado", dentre outros tão importantes para a formação de um verdadeiro cidadão? E ainda: apoiando e não corrigindo certos comportamentos e atitudes que desencadeiam numa verdadeira pandemia de exageros e descompromissos?

De fato, essa nova geração se preocupa bem menos com a qualidade e bem mais com a quantidade e, principalmente, com o "desafiar-se sem medo, sem pudor e sem consciência de suas atitudes". É uma necessidade quase vital de desafiar o próprio corpo e a própria mente a níveis absurdos, misturados a comportamentos inaceitáveis e inexplicáveis. Acredito que a palavra "felicidade" já não possui o mesmo significado para esses jovens. Porém, o que mais me preocupa é o futuro. Sim, porque eles serão os futuros médicos, advogados, engenheiros, professores (acho difícil...), deputados, senadores e até presidentes. Como reencontrar uma referência, uma base ou mesmo um ponto norteador para, primeiramente, compreender a mente dos adolescentes e, posteriormente, deixar-lhes algo de bom e construtivo para o futuro?

Sei que minhas crenças e conhecimentos sobre a vida e sobre os fatos espirituais explicam esse comportamento e me fazem compreender as causas e consequências disso. Mesmo assim, creio que o problema deve ser discutido. Não me refiro a todos os jovens, pois há certa parte que às vezes me assusta por sua "experiência" e "conhecimento" sobre a vida e sobre as pessoas. Quem me preocupa é a grande massa influenciada pelos meios de comunicação e por uma busca desenfreada por uma vida cada vez mais artificial, sem planejamento e sem conteúdo. 

Que esses pensamentos idealistas possam se transformar numa verdadeira força motriz. Atitudes, de fato. Um processo em devir.

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