segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Meu trabalho, minha vida...

Caros colegas, hoje decidi compartilhar uma situação que há algum tempo tem acontecido, porém ainda não consegui resolver: escolha profissional. 

Bom, alguns já sabem que sou formado em Letras, que desde pequeno sempre quis ser educador e que nunca me imaginei fazendo outra coisa, senão atuar em sala de aula. No entanto, nos últimos 2 anos, tenho sido acometido por ideias e pensamentos que me fazem refletir sobre minha escolha profissional.

Muitos devem pensar: "Ok. Quando ainda se é novo e com tantas possibilidades e oportunidades, é fácil imaginar uma mudança assim." Entretanto, essa mudança tem sido conflitante, dolorosa e incerta.

Há 4 anos trabalho diretamente com a educação (seja em estágios, empresas educacionais e, desde o início do ano, como professor propriamente falando). Desde então, nunca havia me passado pela cabeça que eu poderia atuar em uma outra área. Contudo, hoje compreendo que minhas atuais escolhas se deram muito mais por impulsivismo, idealismo e, principalmente, falta de um bom planejamento.

Desde cedo, afirmava que ser professor era o que queria, não importavam as dificuldades. É certo que durante os anos escolares, nunca tive (ou busquei) vontade de fazer testes vocacionais, pesquisar sobre outras áreas, me informar sobre o mercado de trabalho etc.

Hoje, penso que minha profissão me coloca numa situação de privação de liberdade e de criatividade. Pior: não tenho encontrado motivação e vontade para fazer o que preciso fazer. Tenho encarado minhas rotinas como meras obrigações, não como oportunidades de crescimento e aprendizado.

Junto a isso, na semana passada aconteceu algo que me deixou seriamente preocupado: depois de 2 semanas de muito trabalho, péssimas noites de sono, cansaço, estresse, fadiga e um feriado inteiro corrigindo mais de 200 redações, meu corpo começou a me dar sinais de que algo não estava certo. Na quinta-feira, ao acordar, comecei a sentir uma estranha dor de cabeça, tontura e uma sensação de fraqueza. Acreditei ser consequência de tanto trabalho e fui para a escola. Ao chegar lá, comecei sentir novamente esses sintomas e um sentimento de ansiedade muito grande. Esperei um pouco para iniciar minhas atividades. Ao sair da sala dos professores, novamente havia sentido a tontura, mesmo assim segui para a primeira turma.

Logo no começo da aula, percebi que estava com as mãos e as pernas tremendo muito e uma sudorese fria e esquisita. Terminei a primeira aula e segui para a segunda turma. A partir daí não aguentei: tive que encerrar a aula na metade e pedir para me retirar. Chegando à sala dos professores, fui orientado a me dirigir até a enfermaria da escola. Lá, para minha surpresa, descobri que minha pressão arterial estava em 170X100. Um absurdo! Nunca havia tido qualquer sintoma de pressão alta. 5 minutos depois, nova aferição e, para meu espanto, novamente a mesma indicação acima.

Logicamente, fiquei apavorado! Saí da escola e me encaminhei diretamente ao hospital mais próximo. Ao chegar no local, comecei a sentir uma dormência do lado esquerdo do corpo, muitas palpitações e falta de ar. Pensei: "Vou ter um infarto desse jeito!" Consegui fazer meu prontuário e fui encaminhado para a sala da Cardiologista que estava de plantão. Ela me fez algumas perguntas, sobre como eu estava, o que estava sentindo e sobre histórico de problemas de hipertensão na família. Imediatamente, segui para a sala de exames, a fim de realizar um Eletrocardiograma. Realizei o exame e, para minha surpresa, houve uma alteração significativa nos batimentos do coração. Segundo a médica, poderia ser apenas reflexo do quadro de pressão alta. Dessa forma, ela solicitou exames de sangue para averiguar com mais calma e detalhes o que estava acontecendo comigo.

Depois de algumas horas esperando o resultado dos exames e alguns remédios, aqueles ficaram prontos e me encaminhei para falar com a cardiologista novamente. Graças a Deus, apenas um susto, mas, segundo ela própria, um sinal do meu corpo me avisando que, caso eu siga nesta rotina louca, a próxima vez poderá ser pior. Resultado: fui aconselhado a pensar seriamente se continuar assim valeria a pena.

Recebi orientações para relaxar nesse feriado, esquecer meu trabalho e me concentrar nessas alterações de pressão e na minha alimentação. Segui à risca tudinho (com a ajuda da minha mãe e da minha noiva) e imaginei que estava tudo bem. Apenas imaginei, pois, de ontem para hoje, assim que despertei para trabalhar, senti novamente o coração batendo muito acelerado, a dor de cabeça infeliz e a tontura. 

Após alguns minutos, tomei meu banho e saí para trabalhar. Primeira aula tudo bem. Mas na segunda aula, comecei a sentir tudo novamente. No intervalo, fui à enfermaria para aferir a pressão. Resultado: 150X100. Tentei relaxar e imaginar que não passava de uma reação psicológica, algo que estava criando em minha mente. Porém, ao me dirigir para a terceira aula, fui surpreendido com uma falta de ar repentina e uma dor no peito muito aguda. Novamente, precisei sair da escola e vir para minha casa. Não tenho certeza do que possa ser, pois vou fazer mais exames para descobrir o que se passa comigo.

O que me impressiona nestes dois acontecimentos é o sincronismo perfeito entre o que minha mente estava me dizendo e como meu corpo reagiu a este fato. Foi como se estivesse me avisando mesmo que isso poderia piorar, caso eu não tomasse uma atitude.

O fato é que não é fácil tomar esse tipo de decisão. Há muitas outras coisas envolvidas: pressão familiar, necessidade financeira, dificuldade em encontrar uma outra ocupação, quem sabe iniciar novos estudos/cursos... Enfim, toda uma gama de variáveis que, se não são complicadas, pelo menos me fazem refletir um pouco mais sobre isso.

Não sei o que pretendo fazer, nem se ambas as coisas possuem alguma relação. Só sei que tenho escutado a mesma recomendação nos últimos dias: "Será que vale a pena sacrificar minha saúde em prol de algo que não está me fazendo feliz? Que, aliás, tem me privado de descanso, sono, relaxamento e tempo para outras atividades?"

O que é certo é que vou passar a prestar mais atenção ao meu corpo e à minha mente...


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