segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Quando eu digo aos meus alunos que eu não consigo parar de pensar em gramática... hehehe... Vejam: nem nas férias eu consigo relaxar!




Estava eu assistindo à boa e velha televisão, quando passou esta propaganda do Governo Federal. Ela apresenta, a priori, duas possibilidades de interpretação. A depender da forma como a compreendemos, haverá sentidos diferentes:

a) Quando analisamos o verbo vencer como intransitivo, podemos observar que pode haver algum adjunto adverbial elíptico ao final da oração, como “Crack, é possível vencer” (sem medo), (sempre), (na vida), (com coragem) etc. Ou ainda, pode-se verificar um tipo de polissemia, como se a palavra “Crack” estivesse ligada à figura do bom jogador de futebol, que joga para vencer;

b) Se analisarmos o mesmo verbo como transitivo direto, aí nossa análise muda consideravelmente, pois é possível construir a mesma oração de três formas diferentes:
  •  “Crack, é possível combatê-lo”, em que há uma construção tipicamente da norma gramatical, na qual o pronome oblíquo retoma o vocativo e temos, nessa situação, uma retomada pleonástica, ou um objeto direto pleonástico;
  •  “Crack, é possível combater ele”, aqui temos um uso comum no Português Brasileiro na sua modalidade falada, na qual não há um alto grau de monitoramento. Percebe-se também uma tendência atual e natural no Brasil de se utilizar o pronome pessoal, que, geralmente, funciona como sujeito da oração, como complemento verbal (no lugar do oblíquo);
  • “Crack, é possível vencer”, a forma utilizada na propaganda, a qual demonstra, primeiramente, o conhecimento linguístico daqueles que a fizeram, pois utilizam o que é conhecido na literatura como “objeto nulo”, forma mais utilizada pelos falantes cultos. Essa forma representa o que há de mais moderno e atual no Português Brasileiro, no que diz respeito ao uso de variedades cultas.


Pois bem: nada na(da) língua é por acaso, já dizia o grande professor Marcos Bagno!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, M. Português ou brasileiro? um convite à pesquisa. 3.ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2002.


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